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Moro contra-ataca? "retirou o sigilo do depoimento"
LAVA-JATO
Na sexta-feira 1º, o juiz Sergio Moro retirou o sigilo do depoimento de Gerson Almada, ex-vice-presidente da construtora Engevix, que afirma genericamente ter conhecimento de uma conta em Madri, na Espanha, supostamente criada em benefício do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente Lula.
A conta seria administrada pelo lobista Milton Pascowitch e
abastecida com dinheiro de propinas de contratos da Petrobras. O depoimento de
Almada à Polícia Federal aconteceu em junho passado. O ex-executivo teria
citado repasses ilegais de 2,4 milhões de reais da construtora para Dirceu.
Embora ainda não tenha acatado a denúncia apresentada pela força-tarefa em
maio, Moro decidiu levantar o sigilo do depoimento.PUBLICIDADE
A decisão levanta uma dúvida. A divulgação extemporânea do
depoimento de Almada justamente neste momento seria uma maneira de desviar o
foco das acusações do advogado Rodrigo Tacla Durán durante depoimento na
quinta-feira 30 à CPI da JBS, em andamento no Congresso? Antigo representante
da Odebrecht, Tacla Durán, que vive hoje na Espanha, voltou a acusar Carlos Zucolotto
Jr, amigo e padrinho do casamento de Moro, de negociar vantagens financeiras
para azeitar sua delação premiada com representantes da força-tarefa da Lava
Jato. A mulher do juiz, Rosângela, trabalhou no escritório de Zucolotto.
Parentêses: às vésperas do depoimento de Tacla Durán,
Rosângela decidiu parar de alimentar e atualizar a página no Facebook “Eu MORO
com ele”, de bastante sucesso durante as manifestações a favor do impeachment
de Dilma Rousseff e que acumulava mais de 800 mil seguidores.
No depoimento à CPI, o advogado apresentou registros de
trocas de mensagens de celular com o amigo de Moro. Se tiver sua autenticidade
confirmada, a conversa apresentada demonstra que a entrada em cena de Zucolotto
teria resultado em uma redução de 15 milhões para 5 milhões de reais da multa
que a força-tarefa pretendia cobrar de Tacla Durán em troca da delação.
O advogado de 44 anos trabalhou para a Odebrecht de 2011 a
2016 e é acusado pelo Ministério Público de participar de esquemas de lavagem
de dinheiro e pagamento de propina. Foi preso em novembro de 2016, na 36a fase
da Lava Jato, por ordem de Moro. Depois de solto, mudou-se para a Espanha. Sua
extradição ao Brasil foi negada pela Justiça do país europeu e ele é
considerado "foragido" pela força-tarefa de Curitiba.
O advogado negociou a delação com o Ministério Público, mas
não chegou a assiná-la, pois teria de confessar crimes que, segundo diz, não
cometeu. Decidiu então partir para o ataque, com acusações aos métodos da
força-tarefa, suspeitas sobre Moro e denúncias de uma “indústria da delação” em
Curitiba.
* Com textos da Redação; cartacapital.com.br
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