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Juíza substituta Caroline Vieira, tentou tirar processos da Lava Jato no Rio das mãos de Bretas mas foi surpreendida
Na prática, isso poderia passar todos os processos da Lava Jato para ela. Mas o desembargador Abel Gomes, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal, disse que ficou perplexo ao saber do pedido
O Tribunal
Regional Federal (TRF) barrou uma manobra para tirar os processos da operação
Lava Jato do juiz Marcelo Bretas. Em 2015, o juiz começou a trabalhar na 7ª
Vara Federal Criminal, onde estão todos os processos da Lava Jato no Rio.
Bretas foi o
responsável por dar andamento a ação que é considerada a mãe da Lava Jato: a
operação Saqueador, que investigou lavagem de dinheiro desviado de contratos do
governo de Sérgio Cabral. Por conta da demanda, em 2016, Bretas autorizou
também a operação Calicute, que prendeu o ex-governador, acusado e condenado
por corrupção e por ser o chefe de um esquema de cobrança de propina.
Com tantas
investigações, a 7ª Vara passou a cuidar de mais de 40 processos só da Lava
Jato e, em julho do ano passado, ganhou reforço. A juíza Caroline Vieira
Figueiredo começou a auxiliar Marcelo Bretas. Em abril deste ano, a magistrada
passou a defender que a divisão dos processos entre ela e Bretas fosse feita
com base numa regra do conselho da Justiça Federal.
A regra
organiza a distribuição eletrônica dos processos para agilizar o trabalho dos
juízes. Os pares ficam com o titular da vara e os ímpares vão para o
substituto.
A juíza
Caroline Vieira usou a resolução do conselho para pedir que ela assuma a ação
da Saqueador, processo mãe da Lava Jato no Rio, que é ímpar.
Na prática,
isso poderia passar todos os processos da Lava Jato para ela. Mas o
desembargador Abel Gomes, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal,
disse que ficou perplexo ao saber do pedido da magistrada e mandou ela se
explicar em 72 horas. O prazo vence quinta-feira (14).
Abel Gomes
diz que o código de processo penal determina que o juiz que conduziu o processo
deve dar a sentença, e reafirmou a autoridade de Bretas nos processos da Lava
Jato.
O
desembargador criticou a magistrada por ter feito o pedido com base em
critérios administrativos e não jurídicos. O Jornal Hoje apurou que integrantes
da força-tarefa da Lava Jato do Rio estranharam os argumentos e a estratégia da
juíza. Ela entrou com o pedido administrativo justamente um dia antes de
começar uma inspeção do conselho da Justiça Federal no tribunal que analisa
questões administrativas nos processos.
A juíza foi
procurada pelo Jornal Hoje, mas até a publicação da reportagem ela não havia
retornado.